Cedo pela manhã ainda navegávamos pelo estreito de Bransfield, chegando a Gerlache. Pouca visibilidade, vento e neve acompanharam o navio por um longo tempo, até o canal Errera e a Ilha Danco. Ali o vento estava curiosamente fraco. Desembarcamos para uma visita a pinguineira de Danco por volta das 10 hs e nem o tempo frio e chuvoso tirou o ânimo dos passageiros. Logo na saída, algumas Orcas apareceram no canal mas ficaram observando o barco apenas de longe.
A praia de Danco é muito estreita e a encosta da ilha é uma colônia bastante grande de pinguíns gentoos, barulhentos e carismáticos. Subimos em fila indiana até a metade da ilha para visitar a pinguineira. Eu abri a fila, fechada por Sho e Doc. Nesse meio tempo, Sebastian, o chefe deste grupo, subiu até o topo da ilha para abrir caminho na neve. Decidi ficar com Alex na parte baixa, com alguns passageiros sem fôlego suficiente para a subida íngrime. Por volta do meio dia retornamos para o barco, para um almoço de vinho e penne a bolognesa. Infelizmente, tivemos apenas um pequeno mas triste imprevisto no almoço - um vazamento no tanque de água doce de bombordo com o tanque de lastro, fez com água salgada entrasse no sistema. Resultado: meu café pós-almoço saiu salgado e intragável. Problema rapidamente resolvido pelo pessoal de bordo.
O percurso seguinte foi o retorno para Gerlache com uma guinada para o sul para entrar no Canal de Neumeyer. Destino -Port Lockeroy. mas o vento não deu trégua e aumentou ao nível de segurança. Paramos em Port Lockeroy as 14:30 hs mas com impossibilidade total de desembarque. O plano B foi a minha palestra sobre Mudanças Climáticas, com a participação ativa de muitos passageiros. Fico feliz em ver como as pessoas se interessam pelo tema de minha pesquisa.
Tentamos ainda um desembarque em Port Lockeroy, mesmo com vento acima dos 35 nós. Para tanto, o teste foi levar Sho no zodiac, com o piloto maluco russo e eu como "contrapeso" na frente. Nunca xinguei tanto e em tantas linguas os poucos minutos de travessia entre o navio e a base. Voltei absolutamente encharcado de água salgada e com os braços duros de segurar a maldita corda do Zodiac. O vento estava implacável e o banho que tomei de água foi memorável. Nem precisei dar minha opinião sobre o assunto. Quando Sebastian viu o meu estado deplorável, já abandonou imediatamente a idéia de esembarque. Ficamos no navio para uma janta tranquila, seguida por uma hora no bar onde fiz algumas caipirinhas com vodka e gelo de 1.000 anos coletado na praia pela manhã. Uma delícia.
E para fechar a noite com uma surpresa maior ainda, recebi um email de minha mãe e de Mariana, dizendo que estava com saudades. Ai que bom ouvir isso ! Estou morrendo de saudades também, e agora, contando os dias para o retorno. Agora são mais 15 dias de viagem !
Nada para fazer o resto na noite, vento ainda na casa dos 30 nós para cima, e minha cabine quentinha, decidi dormir cedo hoje. Estou com a cabeça pesada (será que foi a caipirinha ?).
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