Acordei meio atordoado, meio sonâmbulo, em meio ao movimento leve do barco entre gelo. Fui até a janela e percebi que estavamos pelo Estreito de Lemaire. O chamado da ponte sobre "baleias a frente!" logo me acordou. Subi a ponte e estava tudo calmo, apenas uma baleia descansando no canal, o que me fez sentir mais vontade de um bom café da manhã.
Estávamos nos aproximando da Ilha Booth em direção as Ilhas Argentinas e a base ucraniana de Vernadsky. Aqui, pela primeira vez lá pelos idos de 1970, o buraco na camada de ozônio foi descoberto, juntamente com os ingleses da base Harley. Desembarcamos as 9h30 com todos os passageiros para descobrir essa maravilha de base antártica. Tudo limpo e organizado, áreas abertas e um conforto descomunal. Comprei um patch para a mochila e tirei várias fotos.
Voltamos a bordo para o almoço e seguimos um pouco adiante, até Peterman Island. Ficamos por ali parados até as 15 hs quando desembarcamos para visitar a colônia de pinguins Papua e Adélies. Os filhotes de Cormorões de olho azul estavam bem grandes e vários ninhos de Adélies estavam com filhotes. Demos uma boa caminhada pela ilha até o ponto mais alto. Achei super interessante também as rochas, granitos com várias inclusões basalticas, provavelmente mais antigas. Diques de basalto, fissuras cobertas por óxido ferroso, e vários matacões embutidos na matriz granítica. Não imaginava que isso existia aqui. Vou tentar procurar um pouco mais sobre a geologia da Península.
Na hora de voltar a bordo, deparamos com uma foca leopardo destroçando um pinguim. Também achei curioso pois sempre pensei que as focas engoliam quase que por inteiro o pinguim, mas ela tirava aos pedacinhos pequenos, ajudando com as patas dianteiras. Impressionante ! Além do espetáculo da foca, uma baleia estava pescando bem perto do barco.
Conforme programado, iniciamos o churrasco antártico as 19 hs com direito a vinho quente. Desta vez o tempo coperou e apesar do frio de 4 graus na popa, a ausência de vento tornou o local mais confortável. Tinhamos carne argentina, salsichas, frango, costela e mais algumas coisas não identificáveis da cozinha russa, além de saladas e bebida a vontade. Obviamente, não podia terminar sem o "baile" tocado pelo "Micha" (segundo oficial Mikael) e Gemma, sempre tocando fogo no povo.
Não fiquei muito tempo na esbórnia e ainda dei uma passada pela ponte, onde o capitão separava velhas cartas náuticas para jogar fora. Vamos ficar por aqui em Girard Bay, logo na entrada do canal de Lemaire, para passar a noite confortavelmente abrigados entre os paredões da baía. Amanhã seguimos para baía Paraiso, Skontorp e Neko Harbour.
Buenas Noches.
PS: Hoje entrei exatamente na metade da viagem, por isso, como manda a tradição, tirei a barba. Fiquei estranho ! espero não sentir muito frio depois disso.
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