Este blog contém o relato da viagem à Antártica realizada como guia da empresa ANTARCTICA XXI, entre dezembro de 2009 e janeiro de 2010. Por ser um Blog, a ordem cronológica dos eventos postados é reversa. Para ler desde o início, navegue pela barra lateral a direita. Para a primeira página do blog, siga este link http://diarioantartico2009.blogspot.com/2009/10/preparativos.html

Boa Leitura.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

18/12 Foyns Bay - Neko - Videla e por fim Glacier Skontorp

Navegamos a noite toda com um pouco de balanço pelo estreitro de Bransfield e por Gerlache, sem ver um palmo na frente do nariz. Muita neblina e por fim uma nevasca impediu qualquer observação da costa. Fizemos o treinamento de abandano de barco (obrigatório) logo após o café da manhã e seguinmos diretos para Foyns, uma formação rochosa rasa entre as ilhas Nanses e Enterprise. Conta a lenda que vários foqueiros usavam essas terras baixas para caça e o último deles, lá pelos idos de 1914 naufragou por ali. Ainda é possivel ver vários destroços espalhados pelas pedras. Mas o tempo continuou muito ruim e o passeio de Zodiac tão esperado teve que ser cancelado. Muito vento e ondas impediram qualquer tentativa de usar os barcos.


Plano B acionado, dei uma palestra sobre trocas climáticas e impactos na Antártica no fim da manhã, pouco antes do almoço. Mais um tempo de navegação, chegamos a Neko debaixo de um nevoeiro forte e muita neve caindo. Aparentemente o vento forte de norte destroçou parte do glacier e jogou vários pedaços grandes de gelo a praia, que se cobriram com uma grossa camada de neve fresca. A baia Andvord é um lugar muito especial, pois seus glaciers são bastante altos. Uma pena que a visibilidade não ajudou nada. Fizemos um desembarque longo com direito a subida íngrime da encosta da montanha cheia de neve. Ainda observamos algumas quedas de gelo no glacier e várias focas na praia, além dos pinguins habituais no meio dos destroços da base argentina em Neko.


Saímos dali uma hora e meia depois e de surpresa, Shoshona decidiu parar para um desembarque rápido na base chilena Videla, entre a baía Andvord e Paraíso. Fiquei surpreso com o que vi: o iceberg que vimos ali preso nas pedras uma semana antes tinha se fragmentado por inteiro. Em visita a base, o comandante nos disse que dias atrás, parte da geleira da ilha Lemaire desabou e a onda que se formou destruiu o atracadouro dos zodiacs. Tivemos que descer nas pedras para desembarcar os passageiros.


Na base visitamos o museu e a torre de observação, além do engraçadíssimo pinguim albino (!) Isso mesmo, na pinguineira de papúas existe um pinguim albino. Ele é totalmente branco !


Saímos da Base Chilena Videla por volta das 5 da tarde com uma forte corrente de maré. Impressionante a força da corrente e o capitão nos disse que ali a corrente chegava a 14 nós (! quase 30 km/h). Todos a bordo e passarela recolhida, seguimos adiante pelo estreito de Gerlache.


Entramos por fim na Baía Skontorp, ao lado da base argentina Almirante Brown, fechada e em reconstrução porque o doutor da base um tempo atrás ficou maluco e decidiu tocar fogo nos prédios. História complexa que mais me parece lenda do que outra coisa. Mas enfim, entramos ali para nos abrigar do vento n oestreito de Gerlache e "tentar" fazer um churrasco. Realmente a baía estava com o mar ultra calmo e sem vento, mas a chuva não deu trégua e com a popa totalmente molhada ficou absolutamente impossível ficar ali fora. O churrasco foi feito na cozinha mesmo e acabamos comendo no refeitório do barco. No fim da janta, Diana decidiu cortar o cabelo de Alex. Vamos ver de que forma isso vai ficar.


Decidi escrever na ponte, sentado na cadeira em frente as janelas com o glacier Skontorp ao fundo da baía. Recebemos ainda a visita de uma "Pomba Antártica" que veio xeretar pela janela da ponte, e agora vou dormir para ver o que o dia de amanhã guarda de surpresas.


E assim termina mais um dia antártico, com um pouco de chuva e céu cinza, mas ainda assim, o "paraíso" da Baía Paraíso.

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