Acordei cedo depois de uma noite sonhando muito. Não sei muito bem com o que eu sonhei mas acordei com a sensação que tinha viajado até o Brasil e voltado. Eram 6:00 hs da manhã quando levantei e fui até a ponte. Um elefante marinho estava parado n omeio do canal e o navio entrando lentamente pelo canal de Neumeyer com bastante vento mas um dia de céu claro e semi-aberto. Infelizmente não dava para ver o topo das grandes montanhas da Ilha Answer, por causa de uma camada espessa de neve e ar condensado.
Já na entrada do canal me surpreenderam duas coisas: a ausência de baleias (apesar da grande quantidade de pássaros, como storm petrels, sternas e algumas skuas perdidas), e a quantidade de fraturas na maioria dos glaciers. A minha última vez no canal de Neumeyer tinha sido a mais de 13 anos atrás e me lembro claramente das geleiras brancas chegando até as praias ou penhascos do canal.
Para não dizer que não vimos baleia alguma, duas baleias apareceram muito rapidamente na nossa frente. Mal deu para avisar ou mesmo fotografar. Seguimos por um tempo pelo velho e conhecido canal até chegarmos a Port Lockeroy - uma antiga base inglesa que hoje é um museu e é tocada por 4 mulheres que vão ficar até março ali - somente elas. A base fica em uma rocha não maior que um campo de futebol, com uma colonia massiva de pinguins, baias rasas e muito gelo na volta. Logo na entrada vimos dois veleiros - Spirit of Sidney e outro que não consegui ver o nome. Fundeamos bem no fundo da baia, a poucos metros da geleira e descemos em 2 botes até a praia.
Uma pequena volta e uma visita ao museu, onde a maioria dos passageiros comprou alguma coisa. Eu decidi esperar para a próxima visita no próximo grupo para poder fazer isso. Estava um pouco sem paciência para enfrentar uma fila no caixa do museu. Preferi companhar Eva, a pesquisadora do Instituto Antarctico Chileno (INACH) que precisava tirar amostras do solo na praia. Voltamos em seguida para a base pela pinguineira e juntei os últimos remanescentes de passageiros para a praia onde reembarcamos para o navio. Uma baleia corcunda ficou brincando na nossa frente por alguns minutos (e obviamente todos sairam para tirar uma foto !) e seguimos direto pelo canal Peltier, um micro canal onde só passa o navio e nada mais. Descemos para o almoço enquanto nos aproximamos do canal de Lemaire.
Fiquei bastante tempo na ponte. Ainda na entrada do Canal de Lemaire, com Splitwind Mount do meu lado, uma montanha com mais de 2.000 m de altura, procuramos por baleias, e confesso que estou assustado com o que estou vendo ! não há nada ! Nenhuma única baleia. Da minha última vez aqui muitos anos atrás, encontramos várias baleias que ficavam brincando na frente do barco.
Paramos em Peterman Island no fim do dia para um longo passeio pela Ilha. Interessante ! não há solo e sim apenas rochas e gelo, e rochas de um tipo (granito). Em alguns locais conseguimos ver intrusões de basalto mas a ilha é praticamente um pedaço bem antigo de terra. Vários pinguins de adélie, papuas e uma pequena colonia de cormorantes de olho azul. Ficamos praticamente duas horas na ilha, tempo suficiente para tirar várias fotos da paisagem.
Depois de uma volta tranquila, troquei rapidamente de roupa e fui até a sala de conferência, para dar uma palestra sobre "Câmbio Climático". Foi no mínimo divertido com o meu "portunhol" tentando me fazer entender e os princípios básicos de oceanografia e circulação. Mas foi um sucesso ! Saimos depois de uma hora e meia, ainda com várias perguntas e participação de todos os passageiros de lingua espanhola, em uma animada discussão.
As 19hs começou na popa o famoso Antarctic Barbecue - Churrasco Antártico. Desfrutei de um pouco de carne na brasa, coisa que estava com vontado. E obviamente tudo isso regado a muito vinho e com música de discoteca russa. Apesar do frio e da neve, todos acabaram entrando na dança e realmente "dançando" no deck. Fui dormir as 22 hs mas sei que ficaram dançando até tarde, pois hoje no café da manhã, nem um terço dos passageiros apareceu.
Foi uma noite tranquila....sonhei bastante.
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