Alem da completa falta de tempo e da grana que custa enviar um email,
deixei para completar parte da viagem para mandar alguma coisa para o
Blog. Lembrando - ainda continuo sem poder usar acentos (senao o sistema
vai trocar por letras russas) e so' estarei atualizando o blog a cada 3
dias.
Boa leitura...
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13/12/2009 - Canal de Neumeyer, Port Lockeroy e Canal de Lemaire
Acordei cedo depois de uma noite sonhando muito. Nao sei muito bem com o
que eu sonhei mas acordei com a sensacao que tinha viajado ate' o Brasil
e voltado. Eram 6:00 hs da manha quando levantei e fui ate' a ponte. Um
elefante marinho estava parado n omeio do canal e o navio entrando
lentamente pelo canal de Neumeyer com bastante vento mas um dia de ceu
claro e semi-aberto. Infelizmente nao dava para ver o topo das grandes
montanhas da Ilha Answer, por causa de uma camada espessa de neve e ar
condensado.
Ja' na entrada do canal me surpreenderam duas coisas: a ausencia de
baleias (apesar da grande quantidade de passaros, como storm petrels,
sternas e algumas skuas perdidas), e a quantidade de fraturas na maioria
dos glaciers. A minha ultima vez no canal de Neumeyer tinha sido a mais
de 13 anos atras e me lembro claramente das geleiras brancas chegando
ate' as praias ou penhascos do canal.
Para nao dizer que nao vimos baleia alguma, duas baleias apareceram
muito rapidamente na nossa frente. Mal deu para avisar ou mesmo
fotografar. Seguimos por um tempo pelo velho e conhecido canal ate'
chegarmos a Port Lockeroy - uma antiga base inglesa que hoje e' um museu
e e' tocada por 4 mulheres que vao ficar ate' marco ali - somente elas.
A base fica em uma rocha nao maior que um campo de futebol, com uma
colonia massiva de pinguins, baias rasas e muito gelo na volta. Logo na
entrada vimos dois veleiros - Spirit of Sidney e outro que nao consegui
ver o nome. Fundeamos bem no fundo da baia, a poucos metros da geleira e
descemos em 2 botes ate' a praia.
Uma pequena volta e uma visita ao museu, onde a maioria dos passageiros
comprou alguma coisa. Eu decidi esperar para a proxima visita no proximo
grupo para poder fazer isso. Estava um pouco sem paciencia para
enfrentar uma fila no caixa do museu. Preferi companhar Eva, a
pesquisadora do Instituto Antarctico Chileno (INACH) que precisava tirar
amostras do solo na praia. Voltamos em seguida para a base pela
pinguineira e juntei os ultimos remanescentes de passageiros para a
praia onde reembarcamos para o navio. Uma baleia corcunda ficou
brincando na nossa frente por alguns minutos (e obviamente todos sairam
para tirar uma foto !) e seguimos direto pelo canal Peltier, um micro
canal onde so passa o navio e nada mais. Descemos para o almoco enquanto
nos aproximamos do canal de Lemaire.
Fiquei bastante tempo na ponte. Ainda na entrada do Canal de Lemaire,
com Splitwind Mount do meu lado, uma montanha com mais de 2.000 m de
altura, procuramos por baleias, e confesso que estou assustado com o que
estou vendo ! nao ha' nada ! Nenhuma unica baleia. Da minha ultima vez
aqui muitos anos atras, encontramos varias baleias que ficavam brincando
na frente do barco.
Paramos em Peterman Island no fim do dia para um longo passeio pela
Ilha. Interessante ! nao ha' solo e sim apenas rochas e gelo, e rochas
de um tipo (granito). Em alguns locais conseguimos ver intrusoes de
basalto mas a ilha e' praticamente um pedaco bem antigo de terra. Varios
pinguins de adelie, papuas e uma pequena colonia de cormorantes de olho
azul. Ficamos praticamente duas horas na ilha, tempo suficiente para
tirar varias fotos da paisagem.
Depois de uma volta tranquila, troquei rapidamente de roupa e fui ate' a
sala de conferencia, para dar uma palestra sobre "Cambio Climatico". Foi
no mнnimo divertido com o meu "portunhol" tentando me fazer entender e
os princнpios basicos de oceanografia e circulacao. Mas foi um sucesso !
Saimos depois de uma hora e meia, ainda com varias perguntas e
participacao de todos os passageiros de lingua espanhola, em uma animada
discussao.
As 19hs comecou na popa o famoso Antarctic Barbecue - Churrasco
Antartico. Desfrutei de um pouco de carne na brasa, coisa que estava com
vontado. E obviamente tudo isso regado a muito vinho e com musica de
discoteca russa. Apesar do frio e da neve, todos acabaram entrando na
danca e realmente "dancando" no deck. Fui dormir as 22 hs mas sei que
ficaram dancando ate' tarde, pois hoje no cafe' da manha, nem um terco
dos passageiros apareceu.
Foi uma noite tranquila....sonhei bastante.
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14/12/2009 - Paradise Bay, Base Brow, Base Videla e Neko Harbour
(Peninsula)
Acordei um pouco mais tarde hoje (as 07:30 hs) pois estou com uma dor
muscular um pouco chata. Saudades da famнlia tambem. Tenho pensado muito
em todos, principalmente na Mariana. Mas por hora, enquanto nao
chegarmos a ilha Rei George de novo, nao poderei ligar para ela. Tenho
que me conformar um pouco.
Cafe' tranquilo e leve (estou comecando a regular a comida), nos
preparamos para o primeiro desembarque em Paradise Bay. Fizemos um tour
de zodiac pelas encostas da baia Paradise e da base Cmd. Brow
(Argentina) que estava fechada, sem ninguem. Por ali, as encostas
нngrimes abriga varios ninhos de cormoroes de olho azul e alguns
petreis. Eu fiquei com o ultimo bote, pilotando entre os gelos
flutuantes enquanto o pessoal tirava fotos. Chegamos bem perto do
Glacier ao fundo da estacao e depois voltamos para a escadaria нngime de
acesso para desembarcar a todos. Como aquele ponto e' na peninsula
antarctica propriamente dita, ou seja, no continente, Shoshana levou uma
garrafa de champanhe para brindar a todos com a passagem pelo cнrculo
polar antartico. Depois do brinde, ainda subimos pelo glacier atras da
base para uma descida de "skibunda". Foi no mнnimo divertido.
Voltamos ao barco para o almoco e rapidamente o navio se movimentou ate'
a estacao chilena Videla, onde Shoshana e Alex desembarcaram algumas
caixas e correspondencias. Mantivemos curso para Neko Cove, onde mais
uma vez desembarcamos para umas fotos na pinguineira, desta vez
acompanhados por focas de Weddell que dormiam preguicosamente na praia
(pelo menos umas 5 focas). Subimos ainda mais uns 200 metros acima da
praia, em um glacier bem liso, para uma vista previlegiado da geleira de
Neko. Esse lugar tinha um refugio argentino que foi abandonado
totalmente destruido, e com muito lixo amontoado pela praia. Uma
tristeza ver aqueles pinguins todos fazendo seus ninhos n omeio do lixo.
Um absurdo total !
O tempo virou rapidamente com um vento frio descendo a calota atras de
nos e decidimos sair rapidamente dali antes que a coisa piorasse.
Voltamos para o barco e para um pequeno e informal coquetel no bar,
relemebrando as experiencias do dia. No meio do canal de Lemaire
passamos pelo navio Minerva, de outra empresa de turismo, e nos
despedimos de Lemaire para entramos no estreito de Gerlache no fim da
tarde, rumo a Deception.
Eu fui dormir....cansado mas feliz. Mais um dia se passou e foi
maravilhoso rever lugares que eu tinha conhecido a tanto tempo.
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15/12/2009 - Ilha Deception e Ilha Media Luna, Livingston, Shetlands do
Sul
Atravessamos o estreito de Gerlache e o Bransfield em uma noite
relativamente calma. O barco balancou muito pouco e nao precisei nem
tirar o computador da mesa. Ainda consegui ver um filme no computador
antes de dormir, mas nao tive uma noite muito tranquila. Acho que a
posicao do barco, inclinado pelo mar na direcao do meu travesseiro, me
incomodou um pouco. Assim eu fico um pouco atravessado e nao consigo
dormir bem.
Acordei as 06:00 hs da manha e rapidamente estava na ponte para ver a
chegada a Decpetion - um vulcao ainda ativo no meio do mar gelado. A
unica coisa que vimos foram pedacos de gelo flutuante e um nevoeiro de
cortar com faca. Nada a frente ! mas no radar apareciam os "Foles de
Neptuno" como e' chamada a entrada da cratera. Passamos a mais ou menos
50 metros das paredes ingrimes na entrada apertada e rasa da baia, e
viemos fundear em Whales bay, logo do lado direito da entrada. O local
era uma estacao baleeira que la' pelo inнcio do seculo era o local mais
abrigado e seguro para a frota pesqueira. No entanto, duas erupcoes
fortes em ciclos de 40 anos acabaram com a estacao e tambem com a base
que existia dentro da ilha. A ultima erupcao foi em 1969 - portanto - 40
anos atras (!). Bem....espero que o calor das termas da ilha seja apenas
o suficiente para esquentar a agua do banho e nao para nos cozinhar !
Desembarcamos as 09:30 hs com todos os passageiros para admirar a
paisagem um tanto quanto desolada. Sao pilhas e pilhas de ferro com os
tanques de cozimento enferrujados, onde se retirava a graxa e o oleo das
baleias. Conta a historia que Nathaniel Palmer, um foqueiro americano,
encontrou 3.000 carcacas de baleias mortas nas praias de Deception. As
casas da antiga base baleeira norueguesa sao um monumento a agressao as
baleias. Mas a ilha foi implacavel com as construcoes. Praticamente tudo
que foi construido pelo homem esta' sendo aos poucos consumido pela
neve, gelo e cinzas da ilha.
Caminhamos pela praia por um tempo, ate' bem perto das "Janelas de
Netuno", uma abertura na parede do vulcao para a parte externa da ilha.
Ali na praia, 3 focas caranguejeiras descancavam preguisosamente na
praia, onde vapores quentes com cheiro de ovo podre emanavam bem da
beira d'agua. Realmente o local tem agua morna, mas ainda assim e' fria.
Mas...para quem visita a Antartica, tomar banho ali e' um feito, e
alguns bravos e corajosos passageiros decidiram experimentar.
Voltamos para o barco as 12:00 hs e agora rumamos para Livingston, para
aportar na Ilha Media Luna (Half Moon). Ali fica uma base argentina (por
hora "abandonada") e uma colonia de pinguins Chinstrap (de barbicha).
Com o tempo absolutamente fechado, chovendo e vento forte, lancamos
ancora em Media Luna as 3:00 hs da tarde e descemos a praia, desta vez
carregando as pesadas caixas de salvatagem. O vento estava um pouco
acima do que desejariamos e por isso Shoshana achou melhor fazermos uma
descida curta e deixarmos a caixa de vнveres na praia.
Nao durou mais do que 30 minutos porque o vento acabou com a festa.
Voltamos rapidamente para o barco onde um banho quente me aguardava.
Confortavelmente vestido com roupas secas e quentes, vou aproveitar a
noite para descansar um pouco.
Amanha estaremos em Frei e novamente ao alcance da civilizacao. Este
grupo desembarca e receberemos outros. Ai sim vou ver se consigo alguns
minutos para falar com o Brasil e tentar ouvir a voz da Mariana.
Saudades !
...
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