Novamente, mil desculpas pela falta de acentos e letras trocadas, mas
ainda esta' dificil entender como funciona o teclado em russo. Amanha
(20/12) estarei indo a Deception e depois Livingston. No domingo,
estaremos em Frei...quem sabe consigo uma conexao melhor. Dai poderei
atualizar com algumas fotos.
Ate' lб....saudades de todos.
Andre
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16/12 - Voo atrasado - Baia do Almirantado
Chegamos em Frei relativamente cedo, mas as condicoes de tempo estavam
bastante ruins. Vento cruzado na pista, impossivel de haver qualquer
operacao de voo. Aguardamos pacientemente pela manha e as novidades, mas
as coisas apenas pioraram. Logo no inicio da manha eu tentei falar com o
Brasil, e depois de uma serie de problemas, consegui contato com minha
mae. Conversa rбpida, mais tentativas, e la' se foi uma manha enterrado
no fundo da Baia Fields, com nossos vizinhos espanhуis nos Las Palmas, e
o Ary Rongel aparecendo de fininho para logo seguir viagem a baia do
Almirantado. Todos os voos cancelados.
Depois do almoco, nada para fazer, o melhor foi mesmo sair dali.
Seguimos para a baia do Almirantado para um pouco de exploracao. Para
mim foi уtimo rever a base ! O Ary Rongel estava parado no lugar de
sempre, com muito vento e pouca visibilidade. Chegamos perto e consegui
conversar com o povo de lб. Mas o nosso navio e' um explorador por
natureza. Nada de ficar parado no mesmo lugar. Por isso, decidimos
seguir adiante e visitar as imediacoes de Lessich, do outro lado da baia
do Almirantado. Entramos "literalmente" com o navio no gelo ! Na carta
nбutica, nossa posicao sinalizava a borda de umn glacier, mas ainda
tinhamos uma boa margem de uns 300 metros para ir adiante. Foi o que o
capitao fez....exploramos um local onde antes so' havia gelo e agora nao
havia mais nada senao бgua do mar. Muito interessante isso !
Decidimos seguir adiante e explorar a enseada Ezcurra, a mesma em que
estive em 2007. Ao fundo da baia uma surpresa - o mar congelado ! Entao,
como estamos em um quebra-gelo, por que nao quebrб-lo ? essa foi a
ideia, mas infelizmente impossivel de realizar. O gelo era tao duro que
na primeira tentativa o navio entrou apenas uns poucos metros gelo
adentro. Demos a volta na Ilha Dufayel para ver se tinha passagem pelo
outro lado, e que nada ! mais gelo duro. Desta vez entramos quase meio
navio no gelo e ficamos por ali um tempo. Umas 30 focas caranguejeiras
apareceram do nada e comecaram a nadar na volta do barco ! um espetбculo
!
Tivemos nossa janta por ali mesmo, com o barco parado, e logo depois das
8 da noite comecamos a retornar para Fields, para dormirmos junto aos
vizinhos espanhуis e agora um navio chileno tambem. Eu fui dormir
lembrando de Ferraz e dos bons tempos por ali.
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17/12 A loucura de FREI
Acordamos novamente entre os vizinhos na baia Fields, em frente a base
Chilena. Cinco navios nos faziam companhia: Ary Rongel (Brasil), Oscar
Viel (Chile), Las Palmas (Espanha), Ushuaia (Turismo), Longnesses
(Container). Aguardamos pacientemente o desenrolar das atividades do
dia, embora o clima a bordo nao estivesse muito calmo. Todos vestidos
apуs o cafe, malas pelo meio do corredor e aquela ansiedade pre-voo que
sempre observamos na antбrtica.
Na base chilena Frei, o degelo e suas consequкncias eram
impressionantes: uma cachoeira tinha se formado na praia e parte da
estrada de acesso a pista de pouso estava um lamacal.
O movimento comecou logo cedo com os helicуpteros do Ary Rongel voando
para la' e para ca' sem parar. Depois os do Oscar Viel. Por ъltimo
decidimos enfrentar o trбfego e descer com a turma para a base russa de
Bellingshausen, vizinha a Frei, e visitar a igreja Ortodoxa que existe
ali. Ja' em terra vimos o Hercules brasileiro pousar, logo depois da
saida do voo chileno. Voltamos imediatamente para bordo, com a noticia
de que o voo com o segundo grupo de passageiros ja' havia decolado de
Port Willians, no Chile. Todas as bagagens foram transferidas para a
praia e veio a surpresa: nao havia como transportar as bagagens da praia
para o aeroporto - um trajeto de 1,5 km e uns 20 minutos no meio da lama
e neve - pois a moto usada para tanto havia quebrado no meio do caminho.
Descemos com os passageiros e ficamos aguardando instrucoes por ali
perto da praia.
Cerca de uma hora depois, chegou o voo e houve o desembarque do novo
grupo, e consequentemente, o grupo que iria nos deixar tinha que comecar
a subir o caminho para a pista. Assim que o novo grupo chegou a praia,
distribuimos os coletes salva-vidas e embarcamos todos para o navio,
embora ainda havia dois problemas: as malas dos passageiros que nos
deixavam estava na praia aguardando subir para a pista, e as bagagens
dos que chegavam estava justamente na pista (!) aguardando que fossem
retiradas. Uma confusao dos diabos !
Mesmo assim, com todos a bordo, aproveitamos para visitar em dois grupos
a Ilha Ardley e a pinguineira que existe ali. O filhote da semana
passada ja' tinha crescido bastante e tenho certeza de que no prуximo
grupo no domingo ele ja' vai estar andando ao lado dos pais.
Impressionante tambem o degelo por ali - firme e forte, com vбrias
pequenas lagoas de degelo formadas na praia. Vimos ainda vбrios ninhos
abandonados, provavelmente resultado do vento forte dos ъltimos dias e
da fome das skuas.
Um pouco antes das 5 da tarde fomos acionados por Diana (eu e Doc) para
irmos a praia ajudar no que fosse possivel com as bagagens. Felizmente,
alguem conseguiu uma ajuda dos uruguaios que transportaram em um
caminhao todas as bagagens. Eu ja' estava achando que iamos carregar as
malas ladeira abaixo, mas felizmente encontraram uma solucao a tempo.
Seguimos a toda mбquina em direcao sul, para a peninsula. Eu, cansado
como sempre depois de um dia cheio, tomei um banho quente e fui dormir.
Quem sabe em sonho eu viajo um pouquinho mais (risos).
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18/12 Foyns Bay - Neko - Videla e por fim Glacier Skontorp
Navegamos a noite toda com um pouco de balanco pelo estreitro de
Bransfield e por Gerlache, sem ver um palmo na frente do nariz. Muita
neblina e por fim uma nevasca impediu qualquer observacao da costa.
Fizemos o treinamento de abandano de barco (obrigatуrio) logo apуs o
cafe' da manha e seguinmos diretos para Foyns, uma formacao rochosa rasa
entre as ilhas Nanses e Enterprise. Conta a lenda que vбrios foqueiros
usavam essas terras baixas para caca e o ъltimo deles, la' pelos idos de
1914 naufragou por ali. Ainda e' possivel ver vбrios destrocos
espalhados pelas pedras. Mas o tempo continuou muito ruim e o passeio de
Zodiac tao esperado teve que ser cancelado. Muito vento e ondas
impediram qualquer tentativa de usar os barcos.
Plano B acionado, dei uma palestra sobre trocas climбticas e impactos na
Antбrtica no fim da manha, pouco antes do almoco. Mais um tempo de
navegacao, chegamos a Neko debaixo de um nevoeiro forte e muita neve
caindo. Aparentemente o vento forte de norte destrocou parte do glacier
e jogou vбrios pedacos grandes de gelo a praia, que se cobriram com uma
grossa camada de neve fresca. A baia Andvord e' um lugar muito especial,
pois seus glaciers sao bastante altos. Uma pena que a visibilidade nao
ajudou nada. Fizemos um desembarque longo com direito a subida ingrime
da encosta da montanha cheia de neve. Ainda observamos algumas quedas de
gelo no glacier e vбrias focas na praia, alem dos pinguins habituais no
meio dos destrocos da base argentina em Neko.
Saimos dali uma hora e meia depois e de surpresa, Shoshona decidiu parar
para um desembarque rбpido na base chilena Videla, entre a baia Andvord
e Paraiso. Fiquei surpreso com o que vi: o iceberg que vimos ali preso
nas pedras uma semana antes tinha se fragmentado por inteiro. Em visita
a base, o comandante nos disse que dias atrбs, parte da geleira da ilha
Lemaire desabou e a onda que se formou destruiu o atracadouro dos
zodiacs. Tivemos que descer nas pedras para desembarcar os passageiros.
Na base visitamos o museu e a torre de observacao, alem do
engracadissimo pinguim albino (!) Isso mesmo, na pinguineira de papъas
existe um pinguim albino. Ele e' totalmente branco !
Saimos da Base Chilena Videla por volta das 5 da tarde com uma forte
corrente de mare. Impressionante a forca da corrente e o capitao nos
disse que ali a corrente chegava a 14 nуs (! quase 30 km/h). Todos a
bordo e passarela recolhida, seguimos adiante pelo estreito de Gerlache.
Entramos por fim na Baia Skontorp, ao lado da base argentina Almirante
Brown, fechada e em reconstrucao porque o doutor da base um tempo atrбs
ficou maluco e decidiu tocar fogo nos predios. Histуria complexa que
mais me parece lenda do que outra coisa. Mas enfim, entramos ali para
nos abrigar do vento n oestreito de Gerlache e "tentar" fazer um
churrasco. Realmente a baia estava com o mar ultra calmo e sem vento,
mas a chuva nao deu tregua e com a popa totalmente molhada ficou
absolutamente impossivel ficar ali fora. O churrasco foi feito na
cozinha mesmo e acabamos comendo no refeitуrio do barco. No fim da
janta, Diana decidiu cortar o cabelo de Alex. Vamos ver de que forma
isso vai ficar.
Decidi escrever na ponte, sentado na cadeira em frente as janelas com o
glacier Skontorp ao fundo da baia. Recebemos ainda a visita de uma
"Pomba Antбrtica" que veio xeretar pela janela da ponte, e agora vou
dormir para ver o que o dia de amanha guarda de surpresas.
E assim termina mais um dia antбrtico, com um pouco de chuva e ceu
cinza, mas ainda assim, o "paraiso" da Baia Paraiso.
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19/12 Peterman Island (aborted) - Unsurveyed Ride - Lockeroy
Acordamos cedo entre as paredes altas do Canal de Lemaire, navegando em
direcao a Peterman Island. O tempo estava muito ruim com muito vento e
neve grossa caindo. As ondas na frente de Peterman estavam altas demais
para se operar com os Zodiacs, entao decidimos procurar algum local mais
abrigado ao norte. No caminho, subimos ao largo de Havyaard Island e
encontramos uma pequena baia nao cartografada entre a ilha e Booth
Island. Uma baleia corcunda com filhote apareceu de repente no meio do
canal e fizemos a festa. Ficamos mais de uma hora fotografando as duas
entre o pequeno canal de acesso a Lemaire e a Ilha Booth.
As condicoes de tempo melhoraram muito em poucos minutos, e Shoshona
decidiu de fazermos um cruzeiro nos Zodiacs. A baia em que estбvamos nao
era cartografada e com muito cuidado, o capitao entrou um pouco mais
para dentro, entre vбrios icebergs e um glacier. Descemos 4 zodiacs e
comecamos um tours entre os grandes blocos de gelo. Ainda ficamos um
tempinho parados prуximos a parede de gelo onde duas baleias, tambem
corcundas, estavam descansando. Seguimos de zodiac por mais de uma hora
entre vбrios icebergs estacionados dentro da baia. Maravilhoso ! Nao ha'
como descrever em palavras um lugar tao bonito.
Voltamos ao navio com um pouco de vento e muita fome, problema
facilmente resolvido com uma boa taca de vinho Concha Y Toro tinto e
pizza a vontade. Mas o sossego nao demorou muito - Canal Peltier e Port
Lockeroy a frente.
Paramos em Port Lockeroy logo depois do almoco. Aproveitei a ida a praia
para deixar um recado e cholocates para Amyr Klink, no dashboard de
Lockeroy. Nao havia veleiros na baia desta vez, mas uma boa surpresa nos
aguardava. Exatamente na hora que estбvamos na ilha, um pinguim bem na
nossa frente comecou a ficar inquieto e levantou do ninho. Os dois
filhotes (dois ovos) estavam comecando a quebrar a casa do ovo.
Fantбstico ! Infelizmente isso demora um pouco para acontecer e tinhamos
que deixar Lockeroy. O sol ainda nos brindou um pouco e aproveitamos o
reembarque de Lockeroy para tomar chocolate quente na proa. Tempo
maravilhoso, consegui ate' ficar um pouco de camiseta sob o sol.
Mas o vento implacбvel entrou de novo, e passamos o resto da tarde
velejando para norte, seguindo o Estreito de Gerlache. Entramos no
inicio da noite em Orne Cove para explorar um pouco, mas com rajadas de
48 nуs ! Incrivel ! e retornamos o curso para Ilha Deception.
Agora o sono bateu com forca - hora de tomar banho, tomar um chocolate
quente, e dormir uma boa noite de sono. Saudades do Brasil.
Olá André, aqui em casa estamos sempre na expectativa de novas postagens...pela forma como decreve os cenários nos projetamos mentalmente nesta aventura...acho que você está aproveitanto muito mais do que os turistas!
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