Este blog contém o relato da viagem à Antártica realizada como guia da empresa ANTARCTICA XXI, entre dezembro de 2009 e janeiro de 2010. Por ser um Blog, a ordem cronológica dos eventos postados é reversa. Para ler desde o início, navegue pela barra lateral a direita. Para a primeira página do blog, siga este link http://diarioantartico2009.blogspot.com/2009/10/preparativos.html

Boa Leitura.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

11/12 startup




O dia começou cedinho. Acordei as 5 horas para poder dar os últimos ajustes na minha mochila e organizar a tralha dentro dela. Afinal, acabei aumentando o volume de coisas com as roupas especiais da Antarctica XXI e sinceramente, não estava afim de parecer um mascate levando uma mala tão grande. O peso era limitado em 20 kilos por pessoa incluindo a mochila pequena de mão. A entrada do hotel começou a ficar cheia na hora do desayuño, com todas as malas etiquetadas e prontas. Menos mal, não deixou Silvia (no centro) tão doida com a logistica de embarque.





Pontualmente as 07:15 hs estavam todos dentro do ônibus estacionado na frente do Hotel Nogueira e ansiosos para o embarque no vôo. O caminho para o aeroporto foi absolutamente tranquilo e rápido (e silencioso - pois a maioria estava com sono ainda, embora o horário não fosse tão cedo assim). Me lembro das vezes que acordava as 5 da manhã em Punta para embarque e as vezes tinhamos que esperar mais de duas horas até saber que não haveria avião ! Por isso, considero que dessa vez foi bastante simples.





A Antarctica XXI opera com um avião jato de 4 turbinas (BAE) de construção inglesa. Bastante confortável e rápido. Aqui na entrada do Avião, ainda em Punta Arenas, uma pequena pausa para uma foto ao lado do Alfredo - ele é um dos passageiros deste primeiro grupo e trabalha com turismo patagônico, juntamente com o pessoal do Hotel Nogueira. O dia estava realmente magnífico para embarcar - céu azul e temperaturas de 7 graus ! Verdadeiro verão patagônico.





O vôo durou cerca de 2 horas e já na metade o céu estava totalmente encoberto, o que impediu qualquer tentativa de visualizar o Drake. Nem um único iceberg foi possivel vermos. Somente quando o avião pousou na pista é que conseguimos ver alguma coisa. Me surpreendeu a ausência de vento, mesmo com o teto baixo. O avião não precisou mais do que meia pista para pousar e parou praticamente na frente do terminal do aeroporto. Temperatura de -2 graus, nada de vento, céu cinza e pela primeira vez - nenhuma guerra de bolas de neve ! (O pessoal estava meio parado).





Foi ali que a coisa toda começou - dia cheíssimo. Primeiro encontro ao vivo e a cores com a Diana Galimberti - a minha chefe - que no fim das contas estava voltando a Punta Arenas e só retornaria no próximo vôo dia 16. Mesmo assim, conseguimos ainda conversar em uma salada linguística de inglês, espanhol e um pouco de alemão. Já estava vendo com ela que não ia ser fácil. Este primeiro grupo era composto por um casal inglês, outro americano, uma holandesa, 4 franceses (estes últimos SÓ falavam e entendiam francês) e mais 22 chilenos. Realmente uma salada "russa" !


As fotos abaixo são do grupo descendo a pé os 20 minutos de caminhada até o Módulo do Instituto Antártico Chileno (INACH) "El Escudero" para um café com bolachas, e pegar cada um um colete salva-vidas para a corrida de Zodiac.












Os Zodiacs são o meio de transporte mais rápido e tranquilo que existe para movimentar cargas e pessoal, em águas antárticas. No fim do dia acabei fazendo mais um treino de zodiac, já na preparação para o dia seguinte.





Já a bordo, cabines distribuidas e todos devidamente acomodados, (minha cabine é a 331), fizemos um treinamento de abandono do barco, com direito a colete salva-vidas grande e entrar nos botes de salvatagem. Não é confortável mas é necessário. Todos na verdade estavam impacientes pois iriamos logo em seguida aproveitar a luz do dia para o primeiro desembarque em uma pinguineira.








Dividimos entre dois grupos (lingua inglesa e francesa e lingua espanhola), e começamos o serviço de "taxi antártico" com o transporte de passageiros até a praia. Foi uma viagem curta, de uns 5 minutos até a praia, e então desembarcamos em uma pequena ilhota perto da Ilha Nelson, com uma pinguineira de mais ou menos 5 mil pinguins. Essa pinguineira vem sofrendo com as alterações climáticas e o número de pinguins vem se reduzindo muito nos últimos anos. Existem pesquisas chilenas e alemãs no local mas acabamos não vendo nenhum pesquisador...somente pinguins e "com filhotes!!".





A foto está pequena porque não podemos chegar mais do que 5 metros de distância (e o guia tem que dar o exemplo), mas essa mamãe pinguim (ou papai - não dá para saber!) estava com um filhote no meio das pernas (a pequena mancha na foto é a cabeça do filhote). Pelo que Shoshana disse (nossa expert em aves), o filhote devia ter mais ou menos uns dois dias de idade. Demos uma caminhada de mais ou menos 2 horas pelo local, com 2 grupos (uma hora cada) e meu cérebro quase deu um nó em espanhol e inglês. Preciso me acostumar com isso !


O "dream team" de guias é composto por Alex (espanhol), Angelo (Médico e Chileno), Sebástian (Argentino), Shoshona (Chefe da Expedição e Candense) e eu. Mais para frente vou tirando fotos de todos e falando de cada um deles.







O dia terminou com direito a foto na saída, e um pouco de vento com nosso novo rumo - 192. Destino: Ilha Trinity na Peninsula Antarctica e Carvin Cove. Muitas surpresas pois estive por ali em 1995 e imagino que não deva mais existir a geleira de Carvin Cove (senão não iriamos lá visitar !).







Fui dormir cedo - 09:30 hs, cansado mas feliz por ter tido um dia cheio e absolutamente fora do normal cotidiano de sempre. Ainda assim, não parei de pensar um minuto sequer na minha Mariana. Não consegui ligar antes de sair e agora vou tentar me organizar para uma conexão via satélite.


Até o próximo post (!)

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